Dentre as coisas mais singelas
do lar carinhoso e grato,
é justo reconhecer a
doce lição do prato.
Esperando calmamente
comensais, em torno à mesa,
exemplifica, bondoso,
a ternura e a gentileza.
Primoroso companheiro
de humilde e de atenção,
por servir a quem tem fome
aguarda o partir do pão.
Satisfaz a toda gente,
sem sombras de vaidade,
não olha conveniência,
atende à necessidade.
Por vezes, o comensal,
a quem o vinho estimula,
entrega-se à embriaguez,
à licença, ao crime, à gula.
Mas o prato está sereno,
por fazer e obedecer,
permanece em seu lugar,
submisso ao seu dever.
Em geral, servem-se dele,
sem qualquer preocupação;
pouca gente lhe dedica
o amparo da gratidão.
E se o prato, certo dia,
conhece o aniquilamento,
não é por ele, é por nós,
no campo do esquecimento.
Neste símbolo singelo
de obediência e bondade,
sentimos a lei que rege o
espírito da amizade.
Conserva teu amigo,
guarda a luz que recebeste.
Não desrespeites na vida
o prato onde comeste.
Do Livro Cartilha Da Natureza
Francisco Cândido Xavier / Casemiro Cunha
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